Mesmo depois da seca, da queimada e da dor, da sede do
desamparo da falta de cuidado,
Depois do crescimento descontrolado, das vinhas secas, dos
brotos que não vingaram,
Do medo, do enclausuro, da raiva e do ódio que nos fazem crescer
espinhos,
Aos olhos menos preparados, somos o perigo, somos evitadas,
somos deixadas de lado e abandonadas.
E mesmo após todo esse tempo, a primeira gota da chuva ou da
lágrima, nos faz crescer novamente,
Fortes, belas, ferozes em direção às alturas!
Ainda sim com vinhas e espinhos,
Mas aos olhos bem preparados, é possivel ver o primeiro
sinal da verdadeira beleza.
Do lento e gentil desabrochar.
O tímido botão se mostra pequeno e negro, saindo do meio das
vinhas secas em direção ao sol.
E para aqueles que tem paciência a recompensa é grande, as
vezes é necessário um pouco de ajuda: retirar os galhos secos e as folhas
mortas para que se possa ver com mais clareza o que o mundo espera.
O botão floresce, o que era negro agora é carmim como o sangue,
intenso e inebriante.
Ainda há aqueles que têm medo,
Ainda existem aqueles que preferem a segurança das mãos
intáctas e inertes.
Porém, para os destemidos, é preferível arranhar-se e levar
uma ou duas cicatrizes do que perder o suave toque da rosa.
Para que possamos sentir alguns prazeres é necessário
machucar-se primeiro, perder o medo e a apatia.
Só não sabe o que é dor quem nunca se aventurou.
Mas quem nunca se aventurou, nunca viveu.
Salve a rosa,
Salve os espinhos,
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