Bem Vindos!



Bem Aventurados os que entram no Bosque da Lua Carmim!

Se você chegou até aqui, bem vindo!

Se foi convidado, sinta-se à vontade para sentar à volta da fogueira e ouvir As Sete Cantadoras, suas histórias, delírios e mágoas, a assistir às declamações apaixonadas de Eros e o ardor de suas palavras!

Agora, se chegou com as próprias pernas ... bem ... não se engane, por trás da dança, da bebida e da fogueira também está o covil da loba: local onde ela guarda os ossos que desenterra no escuro e lambe as feridas da carne e alma.

De qualquer forma, você está aqui, se seguiu o brilho alaranjado da lua, ou se simplesmente está perdido no escuro, olhe onde pisa e divirta-se, as histórias estão ditas para aqueles que querem ouvir.

Novamente, bem vindos.

terça-feira, 10 de abril de 2018

A jornada dos Reis, suas passagens e ensinamentos - Capítulo 1

A saga do Cavaleiro de Copas



Ele era como Poseidon em suas águas profundas, mesmo ferido nunca abaixava a cabeça. Quando a água do mar escorria por entre as chagas e o ardor se espalhava pelo corpo, não deixava que a angústia transparecesse à todos, sozinho em seu oceano amargurava o verter do sangue de seu corpo, com o tempo, o sangue lhe fugia demais e faltou-lhe a vida, por sorte era forte, e o sol que brilhava acima das águas o chamou com seu brilho fulguroso, estava vivo!

Lentamente a própria corrente do mar o levou à superfície, o corpo frio foi aquecido pelo sol que ardia como um tapa. Foi recuperar-se longe do mar na campina, onde não poderia descer tão fundo novamente.

Mas isso também não era bom.

A Campina era bem aventurada e pacata, mas aos poucos percebeu-se que aquele lugar era apenas uma miragem para sua mente. Ele sentia que ali não era seu lugar: sentia falta do mar frio e revoltoso, das águas profundas e geladas, apesar ficar sempre sozinho, tão sozinho...

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Mas um dia, sentado na Campina, ele viu um cavalo correr livre, as crinas ao vento, o galopar imponente, guiava seu olhos por entre um caminho, encantado por sua beleza o seguiu: corria atrás dele com tudo o que tinha, cada batida de seu coração, cada suspiro de seu peito, mas o cavalo corria, corria e corria. Até que então, sem dúvidas ou receios, o cavalo saltou pelo desfiladeiro: flutuou no ar como se não houvesse peso, os cascos castanhos dançavam e moviam-se em um balé em pleno céu, a cena que durou segundos para o cavalo desenhou na mente Dele lentamente cada detalhe tamanho a surpresa. O cavalo que já havia pousado do outro lado seguiu viajem rumo ao infinito esvaecendo-se da vista Dele.

Respirou fundo, a ânsia por seguir o cavalo era grande, mas a distância do salto também, abaixo um penhasco rochoso que levava ao fundo do mar, se caísse ali, novamente seria cortado e o mar levaria seu sangue. Se voltasse, nunca mais veria o cavalo e o seu destino final.
Pensou, pensou e pensou.

Deu às costas ao desfiladeiro, deu lugar à insegurança. Deu às costas para ao destino, deu lugar ao medo.

Passou seus dias na campina, não era o que queria.

Desceu ao fundo do mar, não era o suficiente.

Um dia cansou-se, nadou até à superfície, subiu a campina, caminhou até o pé da montanha, respirou fundo, mediu o caminho e correu, fechou os olhos e lembrou-se das paisagens que viu ao correr atrás do cavalo, sentiu novamente o ar à plenos pulmões, a emoção das batidas de seu coração agitado, a adrelina percorrer junto de seu sangue pulsante!

Abriu os olhos: e viu-se flutuando no ar lentamente, o desfiladeiro foi deixado para trás.


Fechou os olhos novamente, e esperou pousar ao chão.

Até hoje não sei se naquele momento ele conseguiu atravessar o desfiladeiro, ou se caiu no fundo do oceano e persistentemente tentou novamente, eu só sei que se fechar os olhos, posso vê-lo apaixonadamente voando acima do desfiladeiro.

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